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AUDITORIA INTERNA EM SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO: COMO COMEÇAR
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Iniciar uma auditoria interna em segurança da informação pode parecer uma tarefa complexa, especialmente em ambientes com estruturas grandes, legados diversos e processos ainda não formalizados. Mas é justamente por isso que o início precisa ser estratégico, direto e baseado em fundamentos sólidos.
Antes de avançar para análises complexas, controles normativos e indicadores de maturidade, é essencial que a organização estabeleça uma base técnica confiável. Isso significa auditar com profundidade quatro elementos fundamentais: inventário, firewall, antivírus e backup.
Esses pilares não são apenas técnicos. Eles revelam a organização real do ambiente, expõem vulnerabilidades silenciosas e servem como laboratório para padronizar o método da auditoria, testar sua comunicação, suas ferramentas e a resposta da equipe auditada.
O objetivo central é entender por que esses quatro itens devem ser o ponto de partida, como avaliá-los corretamente e como usar suas lições para construir um processo auditável, sustentável e alinhado com a realidade e a cultura da organização.
INVENTÁRIO: SABER O QUE SE TEM É O PRIMEIRO PASSO PARA PROTEGER O QUE IMPORTA
Nenhuma auditoria séria começa sem um inventário confiável. Isso porque não se pode proteger, controlar ou auditar aquilo que sequer se sabe que existe. O inventário é a base de toda gestão de segurança da informação, é a fotografia atualizada do ambiente, revelando o que a organização realmente tem sob sua responsabilidade.
Na prática, o inventário deve conter a relação completa e atualizada de todos os ativos de informação: equipamentos, sistemas, softwares, serviços, usuários, redes, dispositivos móveis e mídias de armazenamento. Mas não basta listar, é preciso qualificar: onde estão, quem é o responsável, quando foi a última manutenção, qual a configuração atual e qual a criticidade de cada item.
Durante a auditoria, o inventário revela informações valiosas. Um computador sem antivírus, uma impressora conectada à rede sem controle, um software sem licença ou um sistema em uso sem contrato de manutenção são achados que indicam riscos imediatos e, ao mesmo tempo, oportunidades claras de correção.
Mais do que auditar o inventário, é preciso avaliar se existe um processo contínuo para sua atualização, se há definição de responsáveis e se ele é integrado à gestão de mudanças. É nesse momento que a auditoria começa a gerar valor: ao mostrar que segurança não depende apenas da tecnologia instalada, mas da organização da informação sobre o próprio ambiente.
E como primeiro passo, auditar o inventário tem outro benefício: ajuda a equipe de auditoria a conhecer o território, entender como a informação circula, como os ativos estão distribuídos e quem são os principais atores no cenário auditado. Isso serve não só para garantir uma análise técnica mais precisa, mas para preparar o caminho de forma segura e consistente para os próximos pilares da auditoria.
FIREWALL: PROTEGER AS FRONTEIRAS AINDA É UMA OBRIGAÇÃO BÁSICA
O firewall é uma das ferramentas mais antigas da segurança da informação, mas continua sendo absolutamente essencial. Mesmo em tempos de nuvem, microsserviços e mobilidade, proteger as bordas da rede ainda é um passo inegociável. E justamente por ser um componente básico, é também um dos mais negligenciados, o que o torna um excelente ponto de partida para uma auditoria.
Auditar o firewall vai muito além de confirmar se ele está ativo. É preciso avaliar se ele está configurado corretamente, se segue uma política de segurança definida, se os acessos permitidos fazem sentido e se existem registros de uso e tentativas de violação. O objetivo é entender se o firewall está apenas ocupando espaço ou cumprindo, de fato, seu papel estratégico de defesa.
Um exemplo comum encontrado em auditorias iniciais é a existência de regras genéricas de liberação, como acessos irrestritos para portas críticas (por exemplo, RDP ou SSH abertos para toda a internet) ou exceções criadas para resolver urgências que nunca mais foram revistas. Também é frequente encontrar firewalls sem logs, sem alertas ativos, ou com atualizações de firmware pendentes há anos.
O firewall também revela como a organização trata exceções e emergências, algo essencial para medir maturidade. Em vez de proibições rígidas ou liberações improvisadas, a auditoria deve encontrar processos documentados para solicitações, aprovações, justificativas e revisões periódicas.
E mais importante: o firewall pode ser o primeiro contato entre o auditor e a equipe de infraestrutura, abrindo espaço para conversas técnicas que aproximam a auditoria do dia a dia operacional. Auditar bem o firewall é auditar a mentalidade de proteção da rede. É entender se a organização pensa segurança como arquitetura ou apenas como barreira.
ANTIVÍRUS: A PROTEÇÃO INDIVIDUAL COMO REFLEXO DA POLÍTICA COLETIVA
O antivírus costuma ser um dos itens mais lembrados quando se fala em segurança da informação.
Ainda assim, na prática, muitas organizações presumem que ele está funcionando sem, de fato, monitorar seu desempenho, abrangência ou atualizações. Justamente por isso, ele é um dos pontos mais reveladores no início de uma auditoria interna.
O papel da auditoria aqui é identificar não apenas se o antivírus está instalado, mas se está ativo, atualizado, com varreduras agendadas e relatórios disponíveis para consulta. Além disso, é necessário entender se existe uma plataforma centralizada de gerenciamento, onde seja possível visualizar incidentes em tempo real, aplicar políticas remotamente e gerar relatórios consolidados.
Com frequência, a auditoria encontra ambientes heterogêneos, com diferentes versões de antivírus instaladas, licenças expiradas, módulos desativados ou estações sem qualquer proteção, especialmente em setores periféricos, laboratórios, equipamentos móveis ou terminais de autoatendimento.
Outro ponto importante é analisar a coerência entre a política de segurança da informação e a prática técnica. A política pode prever, por exemplo, que nenhum dispositivo sem antivírus atualizado deve ter acesso à rede interna. Mas será que isso está sendo cumprido? Existe um mecanismo de bloqueio automatizado ou uma simples notificação?
O antivírus também permite auditar a capacidade de resposta da organização a incidentes menores. Um malware detectado e não investigado, uma quarentena ignorada ou um alerta recorrente sem tratativa adequada são sinais de que o sistema está funcionando, mas a gestão em torno dele não.
Auditar o antivírus é, portanto, auditar o compromisso da organização com a segurança básica. É verificar se o cuidado individual com cada estação está alinhado à estratégia coletiva de proteção. Porque a segurança, como sabemos, é tão forte quanto o elo mais fraco e, muitas vezes, esse elo é um único computador desatualizado e esquecido.
BACKUP: SE NÃO PODE RECUPERAR, ENTÃO NÃO ESTÁ PROTEGIDO
Entre todos os pilares fundamentais da segurança da informação, o backup é o que melhor representa a última linha de defesa. Quando tudo mais falha, quando a máquina quebra, o sistema corrompe, o ransomware criptografa ou o colaborador apaga acidentalmente, é o backup que define se a organização será capaz de continuar ou não.
Por isso, auditar o backup é mais do que verificar se ele está agendado. É confirmar se ele realmente está sendo feito, armazenado corretamente, protegido contra acesso indevido e, principalmente, se pode ser restaurado com sucesso quando necessário.
Uma auditoria bem conduzida começa pela política de backup: existe? Está atualizada? Define periodicidade, escopo, responsabilidades e tempo de retenção? Depois, parte para a prática: o backup cobre os sistemas críticos? Há cópias fora do ambiente principal, protegidas contra desastres físicos ou ataques internos? Os arquivos podem ser restaurados com agilidade? Há registros de testes recentes de recuperação?
Falhas comuns reveladas por auditorias incluem backups automatizados que não rodam por erros de configuração, arquivos copiados, mas nunca testados, mídias de armazenamento expostas sem criptografia ou controle de acesso, e dependência de pessoas específicas para restaurar sistemas, o que representa risco operacional.
Outro ponto importante é a rastreabilidade. Sem logs e relatórios de execução, é impossível garantir que o backup está funcionando de forma confiável. E sem um inventário do que está sendo salvo, a organização corre o risco de esquecer dados importantes ou, pior, achar que está protegida quando não está.
Por fim, a auditoria deve buscar evidências de que o backup está integrado à estratégia de continuidade da organização. Isso inclui o tempo de recuperação esperado (RTO), o ponto no tempo das cópias (RPO) e o alinhamento com os serviços mais críticos da instituição.
Porque no final das contas, segurança não é só proteger para não perder, mas estar preparado para restaurar quando perder. E uma auditoria que não verifica o backup está ignorando justamente o que pode fazer a diferença entre um incidente e um desastre.
COMEÇAR PELO BÁSICO É O PASSO MAIS INTELIGENTE DA MATURIDADE
A construção de uma auditoria interna eficaz não precisa e nem deve começar pelas camadas mais complexas da segurança da informação.
Antes de mirar controles avançados, é preciso ter plena clareza sobre o que está no centro do ambiente: o que a organização tem, como ela se conecta, como se protege e o que faz caso algo falhe.
Inventário, firewall, antivírus e backup não são apenas pontos técnicos. São espelhos fiéis da organização real, com seus acertos, lacunas e urgências. Ao auditar esses quatro pilares com profundidade, a equipe não só coleta dados concretos, mas testa sua própria metodologia, prepara o terreno para a padronização, e constrói a credibilidade necessária para etapas futuras mais amplas e sensíveis.
Começar por eles é uma decisão estratégica.
É onde se aprendem as primeiras lições, se corrigem erros estruturais e se demonstram resultados objetivos. E, principalmente, é a partir deles que a cultura da auditoria começa a ganhar forma, espaço e propósito dentro da organização.
Porque antes de buscar excelência, é preciso garantir o essencial.
E quando o básico está forte, todo o resto tem onde se apoiar.
Por Fernando Bryan Frizzarin


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